4.3.09

Sobre a saudade de escrever

A fonte parece esgotada
O vazio cresce, afogando em agonia
a vocação inócua que queria despontar
Sinto falta de uma íntima noitada
desfiando frases, repartindo
e repetindo uma palavra
pra amarrar noutra recém-chegada
em definitivo num nó
que logo poderia ser desfeito,
Pra se unir em novidades
E fazer ficar bonito
o que fazia entender a mim só.

Se me dissessem que bastava
redigir freneticamente ao acaso
pra desembaraçar palavras de um mote
e fazer descortinar um novo sentido
por horas poderia desenhar mil vezes as letras
Só pra me devolver o prazer
de tecer de novo um texto vivido.

Mas isso pode?
Ser preciso sacrificar um ingênuo prazer
Pra voltar à materialidade?

Resta então o pessimismo
E outra coisa que vou declarar agora:
Saudade, isso sim é que é saudade
E como dói,
Muito como qualquer dor
que eu pudesse ter delatado
nos versos do ano passado.

19/02/2009

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