4.3.09

Retalhos

Meu riso torto é do meu pai
Meu jeito distraído é pra não esquecer da família
Meu andar de certeza
é minha dúvida contínua
Meu reflexo no espelho
passa pelos olhos das minhas amigas

Faço caras e bocas
Sou cheia de manias
Não deixo de ser dura
Tenho palavras preferidas
que só quando dá é que rimo
e outras que recrimino
Obviedade é uma
Porque não tenho rotina
essa que meu dia coaduna

Só faço aquilo que desejo
Enquanto me ocupo do que não gostaria
Gosto de abraço e beijo
De olhar o umbigo e o espaço
Faço mimos pro meu amado
Porque assim é bom, eu acho
Se com preguiça, o tempo passo
De mãos atadas não fico
A culpa em mim se afirma
Porque sempre a rechaço

Na minha continuidade serena
Minha idéia se impacienta
Não gosto de espalhar isso
Não pra fazer esconderijo
É que certas coisas eu não digo
São melhor guardadas comigo
Se assim eu agüento

Conheço muita gente
Mas dentro de uma casa
Não pode ter todo mundo
Mas que lástima, não ter tudo
Ainda bem
Porque não gosto de barulho
Sou assim mesmo quieta
E ainda sim, por aí luto
Porque não se pode ficar parada
Pena não ser tudo
Quando não se pode ser nada

Quase sou corajosa
Quase me faço entender
Dessas coisas,
Umas quase posso fazer
E outras, só queria mesmo ser
Quase quero ser disso diferente
Quase comigo faço desfeita
Mas não sou desfeita
De retalhos sou inteira

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